segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Animes Saudosos

Vou falar sobre alguns animes que marcaram minha infância, e provavelmente a de vocês também. Mas primeiramente, minha idade, 21 anos, breve 22. Acho que o público alvo daqui deve ter entre 13 e 20, então muitos vão compartilhar da mesma história que eu. Ou não.

Aos meus 8 anos, já acompanhava alguns animes, que eram porcamente traduzidos para o português por grupos online, e vendidos em bancas especializadas. Como sou o homem mais velho da minha geração na família (nem primos nem irmãos) não tinha ninguém para pedir emprestado, então eu comprava, ou alugava.

Os primeiros animes em que botei minhas mãos foi Macross (o Fortaleza Superdimensional) e Mobile Suit Gundam. O Macross que eu tive acesso era o filme, e eu achei simplesmente fantástico, estava décadas a frente de desenhos americanos, principalmente se comparados à Hanna Barbera e afins. Já o Gundam, eram episódios avulsos, e como a história segue uma ordem cronológica nos episódios, eu entendi foi porra nenhuma.

Eu disse botei as mãos porque eu já havia tido contato com animes pela Rede Manchete, mas eram animes atrasados, e apesar de bem feitos pra época, não me agradaram muito à primeira vista. Mas não posso negar, enquanto Pirata do Espaço marcou minha concepção de robôs, Yamato se tornou muito mais interessante após ver o filme do Macross, embora não tenham nada de parecido entre si, exceto talvez pelo desenvolvimento dos personagens. Sem mencionar é claro o G-Force, que foi o primeiro grupo de super heróis que eu conheci, e provavelmente o que mais gostei. Também cheguei a assistir Doraemon num progrma qualquer da Angélica ou da Xuxa, mas achei tão chato quanto qualquer Turma da Mônica ou Tom e Jerry.

Ainda em 1995, ou 1996, eu vi o primeiro anime da Globo, no programa TV Colosso, que era Samurai Pizza Cats, era muito engraçado ver ação e aventura sem o menor sentido. Tinha muita semelhança com Power Rangers da primeira temporada (também pudera, foi a mesma produtora quem comprou o anime anos antes de lançar o super sentai). Como passava cedo, eu acordava e tomava um banho corrido pra ficar assistindo o máximo possível antes do transporte escolar passar em casa.

Pouco tempo depois, acho que com meus 10 ou 12 anos, já via Dragon Ball e Fly no SBT. Lembro que como passavam de manhã eu tinha que colocar pra despertar pra não perder. Inclusive uma vez numa viagem com o meu pai eu cheguei a fingir que estava com dor de barriga pra enrolar o máximo possível até o final do episódio de DB, pq quando anunciavam Fly dava um resumo do que iria acontecer, e na próxima semana eu viria o resumo do dia que eu ia perder, ou seja, praticamente como se tivesse visto o episódio. E ainda havia achado uns episódios de um anime com armaduras e com tema hinduísta e de um outro também com armaduras e tema grego, mas o que mais me chamou atenção é que o primeiro estava dublado, porém com poucos episódios e nenhuma seqüência nem me aprofundei.

Foi nessa época em que vi pela primeira vez filmes de anime. Akira e A Lenda do Demônio, em 1999.

O primeiro filme foi Akira, uma animação que passava na Band de madrugada. Tinha violência, morte, luta, ação, política, conspiração, tecnologia e mutantes. Ah claro, e sexo, mas era bem pouquinho. Hoje Akira ainda é um dos filmes mais importantes pra animação oriental, e não é pra menos. A produção é ótima, os efeitos são fantásticos e a história é muito bem desenvolvida. E claro, o Kaneda é muito cativante, ou melhor, sua moto.

Logo depois, o outro filme foi um pornô anime, vulgo hentai, que passava no Cine Privê, A Lenda do Demônio juntava sacanagem da mais bizarra com muita violência. Só fui ver outro anime tão violento com Genocyber e M.D. Geist, sendo que não chegaram nem aos pés nesse quesito.

Perto dessa mesma época, um pouco antes ou um pouco depois, surgiu aquela avalanche de animes na Rede Manchete: Cavaleiros do Zodíaco ops, link errado, o certo é esse (desponta de longe como o maior sucesso em animes da emissora, lembro que um dos horários era na hora do almoço, então eu chegava correndo da escola pra não perder a abertura); Guerreiras Mágicas de Rayearth (ninfetas mágicas com armaduras medievais, que lá pra frente acabam recorrendo a, pasmem, robôs gigantes); Samurai Warriors (hoje em dia bem esquecido, mas na época gostei bastante, comprei todos os bonecos e achava a história o máximo); Yu Yu Hakusho (um dos animes mais divertidos que já vi, a dublagem, embora muitos reclamem por ter muita gíria carioca, considero uma das mais engraçadas, igual acontece com Aquateen: Esquadrão Força Total); Sailor Moon (outro grupo de ninfetas, só que vestidas de colegiais, nunca fui muito fã, achava ridículo, talvez por considerar à época que fosse uma adaptação de Patrine, a qual odiava); Shurato (nossa! agora entendi quase tudo desse anime, é um Cavaleiros do Zodíaco hindu); Super Campeões (o Oliver Tsubasa foi um ótimo incentivo pra muito moleque jogar bola, pena que nunca gostei); B'tX (que é em suma um Cavaleiros do Zodíaco high tech, inclusive criado pelo próprio Kurumada); e alguns anos depois, todos que passariam no bloco U.S. Manga, que trato a seguir.

O U.S. Manga foi um bloco da Manchete exclusivo pra animes, e ainda hoje me pergunto o que diabos faz esse 'Manga' no título. Mas apesar deste detalhe, exibiu diversos animes que tenho certeza fez vários adeptos. Eram eles (apenas os bons): Detonator Orgun (um OVA, praticamente um filme, em 3 episódios, mais um anime de robôs, com uma história que achei muito boa na época, é incrível como até hoje ao ver o mapa do lago Paranoá e Brasília, eu lembro dele); Genocyber (um OVA em 5 episódios, que mistura, adivinhem... isso mesmo, robô gigante, por mais que nos tentem convencer que seja uma coisa biológica, e terror, ainda que bem leve, já que se aprofunda mesmo é na violência, provavelmente foi inspiração pro filme "A Experiência", em uma imagem o Genocyber fica numa pose extremamente parecida com uma de Sephiroth, e mais, eu sempre tive uma ligeira incômoda sensação de que o Genocyber lembra a Jenova); Fatal Fury (eu que já havia jogado o King of Fighters adorei ver os personagens mais desenvolvidos); M.D. Geist (nosssa! isso sim era um anime violento com enredo, um cenário pós-apocalíptico com armadura e guerreiros homicidas, você pode até não se lembrar, mas ao ver a imagem, com certeza trará alguma lembrança, nem que seja de MU ONline); Hades Project Zeoraimer (aposto que vocês já imaginam o que esse 'Project' significa... acertou quem pensou em robôs! vejo uma grande parcela de Gundam nesse anime, e acho que teve certa influência sobre Evangelion posteriormente); Samurai Shodown (outro anime baseado em jogo, o personagem principal Haohmaru era muito foda e carismático, quase um Yusuke da vida); Art of Fighting (mais um que veio de jogo, na época muito jogado, não sei como anda hoje, o anime era bem bobinho, lutas fracas, só empolgava quem conhecia o jogo); Iczer 3 (outro com ninfetinhas, agora espacias, com super poderes e toda essa besteira).

Logo depois, começou a passar Pokemon na Record. Ah meus amigos, foi uma febre insuperável. Pra quem já jogava os joguinhos pra Game Boy da franquia então era o céu, e pra quem não jogava, estava completamente atrasado.

Em resposta, a Globou passou a exibir Digimon, que eu pessoalmente achei muito mais divertido do que Pokemon. A maioria já viu alguma versão de Digimon, existem várias temporadas, mas nenhuma será melhor que a primeira. Lançaram ainda um filme, ou dois, por aqui.

Nessa mesma época (2000), a Band interessou-se por animes, e começou a exibir Dragon Ball Z. Ah, mas isso foi uma febre digna de desbancar Pokemon. Haviam ainda outros animes na sessão que a Band criou, o Band Kids, eram: Bucky (uns pirralhos num mundo que utilizavam espíritos para lutar, esses eram umas bolas de tênis rosa que explodiam no adversário, mas não agradou muito, não sei o porque); Tenchi Muyio (um anime engraçado cheio de ninfetas taradas e no qual o único personagem masculino e sexualmente capaz é gay, já quase esquecendo, tinha muita luta, sabres de luz, super força, explosões de 'ki' ou algo parecido, sem falar que uma personagem que era a pirata sempre me lembrou alguém de Iczer); El Hazard (do mesmo criador do anterior, não muda muita coisa, juro que a primeira coisa que me vem à cabeça é que o professor do cara bebia e ficava mais forte... lembra alguém?).

Já em 2000, e principalmente em 2001, houve aquela invasão de mangás no nosso mercado (dentre eles: Dragon Ball, CdZ, Gen, Preto e Branco, Gon). Coisa muito boa, só confirmando a demanda por produtos orientais, e aumentando ainda mais a oferta de animes.

Aí no começo do milênio eu já tinha a minha internet ADSL, baixava a maioria dos animes que saíam na tv a cabo, o que era muito mais difícil na época. Logo, os animes que não agradavam nem passavam do terceiro episódio.

Nas férias do meio de ano, fui viajar para a casa do meu pai, que estava morando em Salvador, e eu conheci a coisa mais incrível lá: TV a cabo! Ele assinava a SKY, e além de Cartoon Network, tinha tb um canal que eu nunca tinha ouvido falar, recheado de animes, o Locomotion. Com o Cartoon eu pude ver todo o final da saga Freeza em DBZ, não tenho como explicar o quanto aquilo era legal, eu reuní os amigos do condomínio pra irem assistir em casa o Goku virando o Super Sayajin naquela luta que durou 10 episódios no qual eles tinham 5 minutos até o planeta explodir. Com Locomotion eu vi uma pá de animes que nunca iria imaginar encontrar na televisão (aberta) e muito menos baixar.

Os melhores do Locomotion, até 2004 quando eu parei de acompanhar o canal (não, minhas férias acabaram em 1 mês, é que eu assinei SKY também): Bubblegun Crisis 2040 (pelo pouco que me lembro tinham armaduras e robôs, a polícia com armadura lutava contra robôs e um grupo revolucinário que dominava esses robôs, mas o importante mesmo é que a trilha sonora é uma das melhores que já vi); Blue Seed (uma guria que ia ser sacrificada pra acalmar uns deuses é salva e passa a defender o planeta, ou algo parecido, mas o que eu lembro mesmo é que tem um personagem que parece muito com o Inuyasha); Nightwalker (tratava de um vampiro que era detetive, era um terror com ação, o tema por ser tão legal me fez assistir quase todos os episódios, ainda acho que lembre algo de Hellsing); Gasaraki (não lembro muito da história, era algo sobre guerra, mas o que lembro bem é que é um anime de, bem, não vou ficar adiando, armaduras robóticas, só que no caso, eram perfeitas); Saber Marionette (hoje não tenho certeza, mas acho que vi as 3 temporadas, J, J again, J to X, mas nunca gostei muito desses temas bobos e traços muito estilizados, no caso é um mundo aonde só existem homens e eles todos tarados criam a evolução das bonecas infláveis, que são umas marionetes, só que a principal da série é igual aquele menino de A.I. e se apaixona); Witch Hunter Robin (em um ambiente gótico futurista a personagem principal Robin caçava bruxas e bruxos, era recheado de ação e suspense, e é claro, conspirações... mas vejamos: vampiros, sobretudo vermelho, hum lembra alguém? muita gente sempre considerou que fosse uma versão com tetas do Alucard); Silent Mobius (não acompanhei, vi alguns episódios e achei até interessante, mas o horário não batia, depois eu assisti os dois filmes); Cowboy Bebop (puta anime bom cara, era ação e porrada da melhor qualidade [visual inclusive], o cara era um caçador de recompensa que percorria o sistema solar distribuindo porrada gratuita com uma das mulheres mais sexy dos animes); Boogiepop Phantom (outro anime de terror, tinha um tema e narrativa bem complexos, até hoje não sei se o que entendi do anime está certo, mas nunca tive a inicitiva de procurar pra assistir completo); Ah! My Goddess (é todo fresco esse desenho, era um romacezinho com comédia, nunca tive muita paciência pra esses animes 'de menina', e só assistia mesmo pq vinha antes do melhor anime do canal); Neon Genesis Evangelion (o melhor, de longe, muito longe, que havia visto até a época, e ainda hoje é difícil achar um melhor, simplesmente ele consegue ser tudo, ação, robôs, monstros, luta, política, drama, é como se fosse uma união de Macross e Gundam com Boogiepop Phantom, sem mencionar que foi um dos animes mais importantes até hoje).

Ainda em 2000, ou 2001, a Globo passou a exibir Dragon Ball Z e Samurai X, só que considero isso muito mais um desfeito do que feito, visto que pra todos que gostavam das séries eram continua e constantemente sacaneados pela emissora. Além desses, também figuraram no canal um pouco depos, logo após sairem na Fox Kids ou Cartoon: Sakura Card Captors (nunca fui muito fã da fórmula de Pokemon, mas pelo apelo de magia e tudo mais até que agradei dele, só que era muito voltado às meninas), Digimon (fugiu do padrão definido por Pokemon, apesar de ser basicamente mais do mesmo, só que os monstros eram muito mais legais, e a história nem se compara, pq Digimon teve história) e Yu-Gi-Oh. Destes, o Yu-Gi-Oh era de longe o que eu mais gostava, ele mesclava estratégias card games (que estavam em alta na época) com montros e aquele clima de torneio e competição. E não dá pra esquecer de Inuyasha! O anime era muito divertido, com ação, cheio de demônios e com toda uma história que fazia só aumentar o interesse pela série.

Uma coisa bem estranha aconteceu com a Globo nessa época, talvez alguns ainda lembrem: Inuyasha (que foi retidado do ar no meio da série) e Power Stone (proibido de ser lançado). Este era mais um anime baseado em jogo, que foi sucesso no DreamCast, e tinha tudo pra dar certo no anime, inclusive fez muitos fãs aonde foi exibido. Menos no Brasil, é claro, pq foi mal e mal exibido e só uma vez. O que aconteceu foi que impuseram uma censura ridícula ao anime apontando pra pornografia e violência (que não existiam), que estando pronto em 2000, só pôde ser exibido em 2002, corrido, e espantosamente, sem final. Confesso que vi apenas alguns pela Globo, depois consegui o resto, mas o final mesmo, só original, pq a dublagem, se fizeram, nunca saiu do estúdio. Já Inuyasha ainda bem migrou pro Cartoon pouco tempo depois.

Mas a sorte nos sorriu, e no final de 2001 era o Cartoon quem passava Samurai X, outro anime ótimo, cheio de intrigas, lutas e principalmente enredo e história. Em 2002 o Cartoon passou a exibir Gundam Wing (um dos melhores da série Gundam, ainda hoje encontramos referências ao Deathscythe do Maxwell, e não dá pra negar, é um robô bem pop mesmo, à la Hiei ou Ikki).

Nessa época também surgiam animes no Fox Kids: Super Pig (uma ninfetinha que virava uma porca com super poderes, detalhe pra transformação em que aparecia pelada); Kirby (outro adaptado de jogo, não agradou muito pelo visto, provavelmente por ser muito fofo e gay, eu não acompanhei mas pelo pouco que vi parecia engraçadinho); Patlabor (aha! outro anime de robôs, mas esse misturava ficção científica policial com comédia, era muito bom ver a patrulha tentando salvar a população e destruindo mais a cidade do que os bandidos, uma das principais coisas que lembro do anime é que tinha um caminhão pra carregar os robôs); SHaman King (não chegou a virar febre, mas eu achava muito bom, mesmo nunca tendo acompanhado a série toda, motivo pelo nunca entendi direito a trama); Músculo Total (que muitos acham não ser anime, mas visto que foi produzido pela Toei, acho que não dá pra negar esse fato né, afora isso, era cheio de luta e muita palhaçada, só achava um pouco enrolado demais); Beyblade (a história de um garotinho solitário até que ele encontra um, err... peão ciber possuído por uma fera Bit, e começa a jogar peão com outros garotos com feras Bits, o bacana era que o peão no meio do nada mudava o rumo, a força e tudo mais, lembro tb que virou uma pequena febre o brinquedinho, inclusive eu o vendia na loja); Digimon (já falei anteriormente, era muito melhor do que Pokemon); Medabots (um Digimon com Pokemon só que high tech, uns meninos controlavam robôs (zinhos) em lutas com mísseis e metralhadoras, até lancha-chamas, só não entendo como os pais deixavam as crianças brincarem com uma coisa tão segura assim, no mais, era muito mais divertido que Pokemon [tinham até um grupo que era quase como a Equipe Rocket] e a certo nível emplacou por combinar colecionáveis com robôs); Monster Rancher (nunca acompanhei, mas achei bem esquisito, parecia que deformaram de propósito todos os monstros de Yu-Gi-Oh pra uma forma bizonha, além de toda essência de Pokemon e Digimon). Muitos desdes migraram pra Globo antes de entrarem no limbo.

Em 2001 assisti dois filmes em formato anime: um lançado aqui em DVD, outro legendado baixado na net.

Ah, que beleza, quando lançaram um DVD de Ghost in the Shell, intitulado O Fantasma do Futuro, eu até antes de mudar tinha a caixa do DVD guardadinho nas minhas coisas, caixa esta que foi justamente a única a sumir. Não tenho como expressar o quanto a personagem foi tão diferente e inovadora se comprara às outras mulheres em animes, ela era tudo que sempre faziam dos papéis masculinos: inteligente, guerreira, líder, influente, decidida, corajosa e boa de luta. O drama da personagem era muito bem explorado (no caso, em um mundo de máquinas, todo homem é parte máquina, ou seja, ciborgue, e ela sofre de crise existencial por não saber o quanto dela ainda é sua alma e o quanto é máquina), simplesmente fantástico. E mais, não tem como negar, mas tem muita referência de filmes futurísticos norte americanos, mas o principal é sua indiscretíssima influência sobre Matrix. Tá tudo lá, desde os plugs, até as máquinas dominarem os homens, até os cenários caóticos e o questionamento sobre A.I. e os homens. Reparem na foto da Major Kusanagi, ao lado dela está o músculo da seção dela, o Batou. Reparem na semelhança entre ele o super androide J de Heat Guy J. E reparem como o J se parece com o Loa de Full Metal Alchemist.

O segundo filme que assisti foi Princesa Mononoke, que lembro bem ter sido um dos mais comentados à época. Foi super sucesso de críticas, de bilheteria e de vendas. Eu vi a adaptação americana, com roteiro por Neil Gaiman. Eu pessoalmente não estava tão interesssado pelo tema medieval, mas tenho que admitir que fiquei muito supresa com a intesidade da animação. Ainda hoje recomendo a todos que queiram se aventurar pelo gênero.

Em 2002 eu vi Slayers (era uma comédia medieval com ação, completamente inesperado e diferentes de todos outros, também, o que mais esperar de um anime estrelado por uma ninfeta piromaníaca e um guerreiro espadachim retardado?); Bartard (uma história bem curta, com um personagem fodão, mulherengo, cômico e cheio de referências ao Rock, ), Record of Lodoss Wars (é a síntese e gênese de todo anime medieval, tão importante quanto Dungeons & Dragons para os RPGs medievais e Senhor dos Anéis para romances medievais), One Piece (eu peguei a primeira temporada, e nunca tinha visto um anime tão bacana e relaxado, os personagens começam a ser explorados logo no primeiro episódio e a partir dele você só quer mais e mais do mundo que te apresentam, perfeito, embora fiquei um pouco chato, nas porvindas temporadas ele corrige esse erro); The Vision of Escaflowne (o que posso dizer, tem elementos de Macross e Gundam, é um medieval com, arrá!, estavam com saudades né, robôs!!, é um ótimo anime, muito, mas muito bem conceituado) e Trigun (tinha um dos personagens mais bacanas e babacas e tarados dos animes, a animação era linda, a história boazinha, o cenário pós apocalípto sem apocalipse, muita cara de faroeste americano, e como toda a nova geração, e a história toma rumos no final que só te fazem gostar ainda mais do Vash).

Em 2003, o mesmo criador de Princesa Mononoke, Hayao Miyazaki, fez outro longa, que ficou bem famoso por aqui, A Viagem de Chihiro contava a história de uma garotinha que mudando de cidade com os pais, entram num túnel e ao sairem do outro lado estão em um mundo totalmente novo. Os pais da menina viram porcos e aparece um dragão pra ajudá-la, dizendo-a para procurar uma bruxa e trabalhar pra ela, afim de buscar reverter a situação dos pais e sairem dalí. Muitos disseram que era evidente a influência de Alice no País das Maravilhas, mas eu sempre achei que estivesse mais pra histórias mitológicas narradas sobre Ulisses em Odisséia.

Pra completar, no mesmo ano ainda vi uns dois bons animes via download: Ranma 1/2 (o que dizer? ótimo anime com tema de lutas e humor, até hoje tem milhares de fãs, futuramente passaria na Band, ou pelo menos aqui no DF em sua filial); Hellsing (o personagem Alucard é fodão demais, que isso, desbalanceou o anime todo, sem falar no Walter Anjo da Morte).

Hayao Miyazaki ainda fez mais um outro longa que apareceu por aqui nos cinemas em 2004, o Castelo Andante. Conta uma história que lembra A Bela e a Fera e O Mágico de Oz. É claro, como os anteriores, um ótimo filme.

Interessante o fato de que na mesma época de Chihiro, o Hayao Miyazaki ao receber um prêmio pelo filme A Viagem de Chihiro. no Festival de Cinema de Berlim em 2002 fez um discurso criticando a indústria de animação japonesa. Acontece que naquela época, talvez o auge do mercado de anime no mundo, ele era uma das pessoas mais importantes e influentes no assunto, e teve toda a atenção para expor seus argumentos.

Afirmações como "A animação japonesa se encontra num beco sem saída.", "Me pergunto por que há tantas produções contendo violência e apelo sexual.", "Por que as pessoas não discutem os efeitos que estes animes estão tendo nas nossas crianças?", "A geração atual de animadores é a primeira que vive de copiar." e "É possível que a popularização de animes em outros países só nos cause constrangimentos." voaram da sua boca direto pra milhares de veículos. E isso não era novo, bem antes, e digo BEM antes mesmo, em 1987, ele já havia proferido "É inútil discutir os animes. Se há algo que temos que discutir é o excesso de expressionismo e a perda de motivação nas produções japonesas.", e em criticava ainda a política de "procurar o máximo de impacto visual e priorizar o estilo sobre a substância".

Quando deu-se a revolução na produção de animes com novas técnicas que baratearam seu custo, o que fez aumentar o número de oferta de animes, o mestre ainda proferiu "A animação japonesa começu quando desistimos de criar movimentos reais. Isso só foi possível com a introdução dos métodos do mangá. A técnica de animação em acetato era usada de modo que os espectadores só enxergassem poder, estilo e graciosidade. Em vez de dar vida a um personagem com gestos ou expressões faciais, era necessário que o próprio design mostrasse todo seu charme em apenas uma imagem.".

Por mais que eu ache estranho o diretor vir criticar cópias, sendo que seus filmes de maior sucessos são nítidas adaptações de obras alheias, entendo, solidarizo e até compartilho do seu ponto de vista. Percebo que a crítica dele é basicamente para não somente a falta de criatividade e empenho dos animadores, como também pela vulgarização e comercialização das obras. Perde-se a arta e cria-se um negócio, e isso é um erro inescusável. Por sorte, o mercado atual ainda está cheio de bons títulos e obras primas, mas vira e mexe quando eu tô zapeando a televisão e passo no Animax (o novo Locomotion) ou no Cartoon eu tenho aquela estranha sensação de que tudo é ligeiramente déjà vu. São poucos animes que eu sinto segurança em dizer que são 'originais', inovadores ou ao menos criativos, dentre esses poucos: Samurai Champloo, Elfen Lied, Montecristo, Hell Girl, Basilisk, Blood+, Death Note, Hunter x Hunter, Blood Trinity, Prince of Tennis e The Twelve Kingdoms. O que não quer dizer que sejam nada além de originais, inovadores e criativos, pois plagiando Samuel Johnson a um jovem escritor que lhe enviou seu original: "Seu livro é bom e original. infelizmente, aparte que é boa não é original, e aparte que é original não é boa.".

Mas então queridos leitores, se vocês leram até aqui, espero que tenham compartilhado de algum ponto em comum com minha animegrafia. Foi uma viagem para mim relembrar de tudo isso, estou até me sentindo nostálgico. Então, lhes digo uma coisa, essas primeiras experiências, esse primeiro contato que vocês têm com o anime, é algo sublime, e não deve ser esquecido, muito menos relevado, pois é ele quem vai refletir toda sua experiência no assunto. Pense bem, quando for assistir um Naruto e gostar, de quem vai estar lembrando? Por outro lado, quando pegar um episódio de Gundam e achar chato, ou repetitivo, por que será? Por mais que uma série de sucesso sempre tenda a ter boas continuações, nós anime-fanáticos queremos coisas novas a cada ano, mas será que o mercado consegue suprir nossas expectativas?

Podem até reclamar quando os velhos dizem "ah, no meu tempo é que era bom", mas sejam sinceros quem viveu o mesmo que eu, há para nós verdade maior do que essa?

2 comentários:

Anônimo disse...

Sim

™Filipe™ disse...

Todos eles sao muito massa!
Ótimo tópico
Parabens!